quinta-feira, dezembro 09, 2004

Carta

Quando as palavras surgem é melhor deixá-las sair em turbilhão. Sei que não aceitas tudo o que digo, mas nem sempre consigo travar o pensamento e adivinhas sempre o que penso. Os anos passam mas continuamos na mesma, sempre à espera que o outro caia em falso. Não devia ser assim, mas insistimos neste jogo. Nunca sei o que esperar de ti. E quem sabe se o contrário não acontece também...

Certezas nunca as tive, apenas desejos. E continuo a desejar-te muito. Sinto falta da tua presença, do teu toque, mas o último olhar que trocámos continua cravado no tempo. Pelo menos no meu tempo. Porque não deixámos as palavras surgirem nessa altura? Sei que muitas vezes o melhor é deixar o tempo passar e deixá-lo cravar em nós a sua lança da mudança, para conseguirmos voltar a proferir palavras ousadas ou quem sabe olhar-nos novamente.