A primeira ópera do músico português Vítor Rua, que se estreia hoje em Lisboa, é um espectáculo que pretende dessacralizar e denunciar "os clichés das óperas contemporâneas".
A ópera terá apenas duas apresentações, este fim-de-semana na Culturgest, conta com direcção artística, composição e libreto de Vítor Rua, fundador dos GNR e Telectu, e será interpretada por quatro cantores líricos portugueses e nove instrumentistas. A cenografia é do escultor Rui Chafes e a direcção de movimento de Ana Borralho e João Galante.
"Porque estamos assim a cantar desta forma ridícula?" é a primeira frase do espectáculo, dita pela personagem Pedro Lunático, e encerra em si o significado de toda a ópera, explicou Vítor Rua. "É um espectáculo sobre a desconstrução da ópera, é uma anti-ópera. Em vez de dar respostas, eu deixo as perguntas e através das sete cenas ironizo o belcanto, abordo a música minimal e até espectral", descreveu.
Segundo o compositor, o objectivo é questionar a tradição e o ritual de uma ópera, "denunciar os clichés das óperas contemporâneas".
Do elenco fazem parte Ana Ferreira (Vaquíria Berbérie), Hélder Bento (Pedro Lunático), Marco Alves dos Santos (O homem-que-ri/Spectrum) e Margarida Marecos (Dr. Fuinha). A interpretação musical ficará a cargo do próprio Vítor Rua, de Daniel Kientzy (saxofone), Giancarlo Schiaffini (trombone), Eddie Prevost (bateria) e John Tilbury (piano), além do Quarteto Arabesco.
"Uma Vaca Flatterzunge" foi composta entre 1999 e 2000, encomendada para se estrear na Casa da Música, mas sucessivos azares de percurso levaram ao adiamento do espectáculo durante praticamente dez anos.
Fonte: Agência Lusa, 27.Jan.2009