terça-feira, julho 26, 2005

há-de flutuar uma cidade no crepúsculo da vida
pensava eu... como seriam felizes as mulheres
à beira-mar debruçadas para a luz caiada
remendando o pano das velas espiando o mar
e a longitude do amor embarcado

por vezes
uma gaivota pousava nas águas
outras era o sol que cegava
e um dardo de sangue alastrava pelo linho da noite
os dias lentíssimos... sem ninguém

e nunca me disseram o nome daquele oceano
esperei sentada à porta... dantes escrevia cartas
punha-me a olhar a risca de mar ao fundo da rua
assim envelheci... acreditando que algum homem ao passar
se espantasse com a minha solidão

(anos mais tarde,recordo agora, cresceu-me uma pérola no coração.
mas estou só, muito só, não tenho a quem a deixar.)

um dia houve
que nunca mais avistei cidades crepusculares
e os barcos deixaram de fazer escala à minha porta
inclino-me de novo para o pano deste século
recomeço a bordar ou a dormir
tanto faz
sempre tive dúvidas de que alguma vez me visite a felicidade

Al Berto
In O Medo

segunda-feira, julho 25, 2005

Não é que deseje de facto distância. Talvez seja a minha forma de restauro, talvez seja a minha forma de descobrir a falta que me fazes, ou talvez simplesmente, seja a necessidade de me isolar para me definir.

quinta-feira, julho 21, 2005

quarta-feira, julho 20, 2005

Aceitar é dar-me conta de que és quem és. Pode ser que não seja capaz de te entender, talvez tão pouco te compreenda. No entanto, se te aceito, poderei não te avaliar, não partilhar contigo, mas não pedirei que mudes, que te modifiques.

Aceitar-te poderia ser: «Não gosto da tua atitude, incomoda-me a tua forma de ser ou de pensar, não quero partilhar coisas com a pessoa que tu és, vai-te embora ou então vou eu. Mas não te peço que mudes, pelo menos não para mim, não para me conservares, não para permaneceres comigo. Continua a ser quem és e, se quiseres, procura quem te queira assim, tal como tu és. Porque te aceito, afasto-te de mim.»

Não quero que mudes. Não para mim. Quero aceitar-te como és, ainda que este seja o caminho que nos separe.

Prefiro que te afastes de mim por eu ser como sou a que permaneças comigo para me mudar.

De qualquer forma, se puder escolher, escolho que me aceites para ficar, escolho aceitar-te e ter-te perto, tão perto como agora que partilho contigo os meus delírios e que te sinto aqui ao meu lado.

terça-feira, julho 19, 2005

Dói-me a tua tristeza.
Dói-me o teu afastamento.
Mas o que mais me dói é o teu silêncio...
Sentir que te escondes de mim.
Que estás por trás dos teus «não sei».
Que te busco e já não estás.

Precisas de uma desculpa para te separares de mim?
Sem ti, cansa-me até jogar às escondidas, cansa-me saltar obstáculos, cansa-me brigar com o teu orgulho, cansa-me bater à porta que ambos queremos que se abra e tu manténs fechada.

Não creio na tua confusão mas sim nos teus freios.
Não creio no teu «tempo» mas sim no teu orgulho.
Não creio no teu ódio mas sim na tua frustração.
Não creio no teu comportamento mas sim no teu sentir.
Sinto-me como o cego «que agita o seu lenço chorando sem se dar conta de que o comboio faz já tempo que partiu...»

Vem! Abre! Fala! Luta!
Que eu estou aqui!

segunda-feira, julho 18, 2005


Era uma vez um aldeão gordo e feio
que se tinha apaixonado (porque não!)
por uma princesa formosa e loira.
Um dia, a princesa (vá-se lá saber porquê?!)
deu um beijo ao aldeão feio e gordo...
E magicamente, este transformou-se
num príncipe esbelto e bem parecido...
(Pelo menos, ela via-o assim.)
(Pelo menos, ele sentia-se assim.) Posted by Picasa

domingo, julho 17, 2005

Quando procuro,
quando tento,
quando me pressiono,
quando me obrigo,
quando me imponho...
Então dou-te mais, talvez muito mais, mas não te dou melhor.

O melhor de mim,
o mais belo de mim,
o mais construtivo de mim...
é o que quero dar-te,
o que me surge sem esforço.

O melhor que te posso dar de mim é o que te quero dar.
O melhor que me podes dar de ti é o que me queres dar.
Não quero o mais.
Quero o melhor.
Se eu pudesse escolher os meus sentimentos em relação às pessoas que me rodeiam, escolheria apaixonar-me com toda a intensidade de que sou capaz.

Escolheria que, na altura em que essa paixão diminuísse, debaixo dela crescesse o sentimento.

Escolheria que nem eu nem o outro nos assustássemos com o desaparecimento da paixão e que soubéssemos enfrentar-nos com a mudança da intensidade para a profundidade.

Escolheria que esse sentimento fosse amor e não somente desejo.

E, finalmente, escolheria que se desse a possibilidade de voltar a apaixonar-me, de vez em quando, pela pessoa que amo.

segunda-feira, julho 04, 2005


Solidão não é a falta de alguém para conversar, namorar, passear... isto é carência.
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... isto é saudade.
Solidão não é o retiro voluntário que nos impomos às vezes, para realinhar os pensamentos... isto é equilíbrio.
Solidão não é o vazio que sentimos por não ter alguém ao nosso lado... isto é circunstância.
Solidão é muito mais que isto...
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa Alma...
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sexta-feira, julho 01, 2005


Há alturas em que só se consegue ouvir o silêncio.
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