Ainda não tinha ido ver este filme tão falado, em muito pela prestação da Kate Winslet, no papel de uma guarda da Alemanha Nazi, Hannah Schmitz. De facto o ambiente é colocado logo nos primeiros instantes, quando David Kross (no papel do adolescente Michael Berg) nos leva a passear pelas ruas de Neustadt, escuras, frias e cheias de mistérios escondidos ao longo dos séculos. Fica desde logo uma nostalgia que nos acompanha ao longo da história, pelo impacto que esse encontro entre personagens principais terá na vida de cada um, ainda que só reconhecido 30 anos depois.
Vamos acompanhando Michael Berg, então 15 anos, à Rua da Estação onde vive uma intensa e metódica relação amorosa com Hannah Schmitz, 36 anos. As respectivas idades não interessariam não fosse basilar à narrativa o pesado fardo de consciência do miúdo, depois de acabado o enlace romanesco, por não ter assumido o par perante os pais e, essencialmente, os amigos. Atormentá-lo-á por anos: Hannah desaparece, certo dia, sem deixar rasto, mas desenhando funda cicatriz no coração de Michael, que a encontrará tempos mais tarde, enquanto estudante de Direito, sentada no banco dos réus num julgamento para crimes de guerra do nacional-socialismo alemão.
Este encontra a metafísica das paixões: a verdadeira questão sobre a possibilidade de desencanto do passado perante a realidade apresentada. Será que a felicidade perde sentido perante novos factos apresentados? Há argumentos do sim e do não: não cabe a outro que não a cada um a sentença final.
Porquê? Por que razão, quando olhamos para trás, o que era bonito se torna quebradiço, revelando verdades amargas? Por que razão se tornam amargas de fel as recordações de anos felizes de casamento, quando se descobre que o outro tinha uma amante durante todo aquele tempo? Por que não era possível ter sido feliz numa situação assim? Contudo, fomos felizes! Por vezes, quando o final é doloroso, a recordação trai a felicidade. Por que é que a felicidade só é verdadeira quando o é para sempre? Por que é que só pode ter um final doloroso quando já era doloroso, ainda que não tivéssemos consciência disso, ainda que o ignorássemos? Mas uma dor inconsciente e ignorada é uma dor?
Em última instância o que importa não são os nossos pensamentos, mas as nossas acções...
Porquê? Por que razão, quando olhamos para trás, o que era bonito se torna quebradiço, revelando verdades amargas? Por que razão se tornam amargas de fel as recordações de anos felizes de casamento, quando se descobre que o outro tinha uma amante durante todo aquele tempo? Por que não era possível ter sido feliz numa situação assim? Contudo, fomos felizes! Por vezes, quando o final é doloroso, a recordação trai a felicidade. Por que é que a felicidade só é verdadeira quando o é para sempre? Por que é que só pode ter um final doloroso quando já era doloroso, ainda que não tivéssemos consciência disso, ainda que o ignorássemos? Mas uma dor inconsciente e ignorada é uma dor?
Sem comentários:
Enviar um comentário