- Não sei.
- Como não sabes?
- Nem quero pensar nisso.
- Porquê?
- A resposta é demasiado dolorosa. Não quero viver isso agora.
- Mas é agora que estás a viver isso.
- Posso estar a viver, mas não preciso pensar sobre o assunto.
- Ah! Então queres um analgésico.
- Sim, um agora vinha mesmo a calhar.
- Aqui o tens.
- (tomando o analgésico) Já me sinto melhor. Agora posso dormir.
- E amanhã? Como vais fazer? Vais continuar a dormir, a não querer pensar?
- Amanhã tomo outro.
- Até quando?
- Até acabarem os analgésicos.
- Tens ideia de quantos ainda te restam?
- Cala-te. Já não te posso ouvir. Além disso, o analgésico que me deste já está a fazer efeito. (e adormece)
- (murmurando) Placebos. Até quando te vais continuar a enganar? Não será melhor viver tudo isso, em consciência. Sentindo a dor, a perda, para depois poder recomeçar? Não, claro que não responderias se pudésses. Dorme então. Amanhã será um novo dia.
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